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As mais incríveis aeronaves militares – Parte 2

Escrito por  Sergio Duarte
em 19 de maio de 2020

As mais incríveis aeronaves militares – Parte 2

Dando continuidade à nossa saga pelas tecnologias aeronáuticas das aeronaves militares, apresento a vocês um artigo especial. Duas lendas do outro lado do mundo. Nesse artigo vamos atravessar o globo e mostrar duas maravilhas que os russos projetaram. Então, apertem os cintos, coloquem seus capacetes, preparem-se para decolagem e voem junto dessas incríveis aeronaves militares!

Se quiser, aproveite para ver um resumo do post no vídeo:

Sukhoi Su-27 Flanker

Na aviação oriental, a palavra Sukhoi representa uma lenda. O Sukhoi Su-27 Flanker foi o ápice da tecnologia soviética em meados dos anos 80. Foi projetado para ser a contraparte de aeronaves como o F-14 e o F15. Projetado como caça de superioridade aérea, o Flanker e seus modelos variantes cumprem de maneira exemplar todas as missões de combate que são designados.

Em 1969, a União Soviétiva tomou conhecimento do projeto F-X americano, que resultaria no desenvolvimento do famoso F-15. Tendo em vista essa “ameaça”, o programa Perspektivnyy Frontovoy Istrebitel (PFI, algo como “Caça Avançado de Linha de Frente”) foi lançado. Especificações extremamente altas foram requeridas: alcance elevado, bom desempenho em pistas curtas (incluindo pistas não preparadas), excelente agilidade, Mach 2+ e armamento pesado.

O projeto foi recebendo alterações progressivas. Isso era reflexo da consciência situacional dos soviéticos em relação às especificações do F-15. O design emergiu como T-10 (décimo projeto), que voou pela primeira vez em 20 de Maio de 1977.

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Fatos Técnicos

O Sukhoi Su-27 foi a primeira aeronave soviética operacional a utilizar sistema de comando fly-by-wire. Combinado à carga alar relativamente baixa, e motores poderosos, essa aeronave militar é excepcionalmente ágil. É controlável mesmo em velocidades muito baixas e altos ângulos de ataque.

Umas das demonstrações aéreas mais impressionantes dessa aeronave: Pugachev’s Cobra. Manobra essa que ocorre com uma desaceleração da aeronave de forma brusca. Por um breve período, a aeronave permanece praticamente em voo reto nivelado (não no eixo longitudinal da aeronave) e em ângulos de ataque de até 120° (sim, é uma manobra pós estol).

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O design do Su-27 é muito similar ao da aeronave Mig-29, mas significativamente maior. A versão naval (Su-27K ou Su-33 “Flanker-D”) incluiu canards, para uma maior sustentação e redução das distâncias de decolagem.

A asa e a fuselagem dessa aeronave militar se mesclam no bordo de ataque da asa. E a asa é uma espécie de mistura entre dois designs, digamos convencionais. Asa com enflexamento e uma asa delta cortada na ponta; isso permite a instalação de hardpoint para mísseis ou pods de contra medidas eletrônicas (ECM – Electronic countermeasure).

Variações Especiais do Flanker

Uma das variações do Flanker, desenvolvida com o propósito de ser um demonstrador tecnológico, é o Su-37 Terminator. Essa variante em especial tem uma engenharia extremamente audaciosa. Somente um protótipo foi construído. E o escritório de engenharia da Sukhoi parece ter colocado todas as melhorias de todos os projetos em somente uma aeronave.

Por que estamos falando disso tudo? Bem, primeiro, por ser um demonstrador de tecnologia, a aeronave surpreende com avanços da engenharia aeronáutica que sequer foram incluídas nas linhas de produção. Segundo, porque uma se a Pugachev’s Cobra parece uma manobra impressionante, o Su-37 é capaz de executar algo muito superior: Frolov chakra (algo como cambalhota de Frolov – piloto de teste que realizou o feito). Um loop praticamente realizado dentro do comprimento da aeronave (sim, você não leu errado, isso é possível)

P-42: uma versão criada somente para quebrar recordes de velocidade de subida. Novamente, vale um parênteses aqui pois essa aeronave conseguiu feitos incríveis:

Diversas modificações estruturais foram realizadas na aeronave para redução de peso. Um total de 27 recordes mundiais. Grande parte pela lenda russa Viktor Georgiyevich Pugachev. A título de comparação, veja a diferença em relação aos recordes anteriores do F-15 Eagle:

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Variantes “comuns” do Flanker

Demais principais variantes do Flanker incluem:

  • T10 – Flanker A: configuração do protótipo inicial;
  • T10S: variação aprimorada do primeiro protótipo;
  • Su-27: foram produzidas poucas aeronaves militares dessa série “pré-produção”
  • Su-27S Flanker B: variante de produção inicial monoplace;
  • Su-27UB Flanker C: variante de produção inicial biplace;
  • Su-27K / Su-33 Flanker D: variante para utilização em porta aviões com asas dobráveis;
  • Su-27M / Su-35 Flanker E / Su-37 Flanker F: variante de demonstração tecnológica avançada derivada do Su-27S;
  • Su-27IB / Su-32: variante com assentos lado-a-lado com o chamado nariz “platypus” que deu origem ao protótipos Su-32FN e a aeronave Su-34 Fullback
  • Su-35BM / Su35S Last Flanker: último desenvolvimento da família Flanker, cujas melhorias incluem aviônica avançada e novo radar;

Mikoyan-Gurevich MiG-29 Fulcrum

Aeronave desenvolvida pelo escritório russo Mykoyan como caça de superioridade aérea em meados de 1970. Juntamente com o “irmão maior” Su-27, foi projetado para competir com os caças americanos F-15 Eagle o F-16 Fighting Falcon. Os Mig-29 entraram em serviço na Força Aérea Soviética em 1982

Apesar de originalmente desenvolvidos para combater aeronaves inimigas, vários MiG-29 foram retrabalhados como caças multifunção. Geralmente carregados com armamentos ar-terra e munição de precisão.

Atualmente, cerca de 1600 MiG-29 estão em operação no mundo. Somente na Força Aérea Russa detém 600 dessas aeronaves. No papel, o MiG-29 possui inúmeras virtudes. Entretanto, em combate real não foi assim tão bem sucedido. Em voos de combate na Guerra do Golfo e em 1999 na Etiópia, pelo menos doze aeronaves foram abatidas. E isso sem registro de vitórias. Vale ressaltar que a maioria das aeronaves estava em solo.

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Um detalhe importante precisa ser entendido. Uma resposta soviética era necessária no ápice da Guerra Fria em relação aos avnços tecnológicos dos caças americanos. Inicialmente, em 1969, a Força Aérea Soviética solicitou o chamado Perspektivnyy Frontovoy Istrebitel (PFI, algo como “Caça Avançado de Linha de Frente”). Porém em 1971 os militares perceberam que necessitavam de dois tipos diferentes de caças. O programa PFI teve um adendo chamado Perspektivnyy Lyogkiy Frontovoy Istrebitel (LPFI, ou “Caça Leve Tático Avançado”).

Os soviéticos decidiram que precisavam de um poderio aéreo com 67% do programa LPFI e 33% do programa PFI. Como já dito anteriormente, o PFI foi ganho pela Sukhoi com o Su-27. Coube ao escritório Mikoyan-Gurevich fornecer o caça do LPFI. O projeto detalhado é internamente conhecido como Mikoyan Produc 9, designado MiG-29A.

A aeronave voou pela primeira vez em 6 de Outubro de 1977.

Fatos Técnicos

Um ponto fraco do MiG-29 é seu consumo dos motores e capacidade limitada de combustível. Vamos a uma conta rápida: A capacidade interna de combustível é de 3500 kg (ou 4400 kg com taque ventral). Considere iniciar a missão com 4400 kg de combustível. Somente entre ignição, táxi e decolagem, são consumidos 400 kg.

São necessários mais cerca de 1000 kg para alternar para um aeródromo a 50nm. Outros 500 kg para combate, incluindo um minuto utilizando o afterburner. Restam somente 2500 kg. Se forem necessários 15 minutos para alcançar um local a 420 nós, mais 1000 kg de combustível. Isso deixa somente 1500 kg para deslocamento. No nível de voo 200 (20000 pés), isso dá um raio de ação de somente 150 nm.

Entretanto, uma lenda como essa tem sim seus pontos fortes. Manobrabilidade excepcional, com taxa de curva de 28deg/seg. Capacidade de carga paga de até dez mil libras, o que torna o MiG-29 capaz de ataques nucleares de curto alcance. É utilizado pela equipe de demonstração aérea russa Swifts.

Para operação em pistas despreparadas, as tomadas de ar principais podem ser completamente fechadas. Uma tomada no dorso da fuselagem é aberta e pode ser utilizada em pousos e decolagens, além de voos em baixas altitudes.

Um fato curioso, apesar de não técnico é que é possível um civil pilotar essa aeronave. Sim, se você tiver a oportunidade (e o dinheiro), você pode atingir números como 9G’s de aceleração na decolagem, Mach 2+ e 60000 pés de altitude.

Variantes

Mais de vinte variantes do Mig-29 foram produzidas. A seguir compilamos as informações mais relevantes das variantes mais importantes dessa aeronave militar:

  • MiG-29A: projeto original com produção iniciada em 1983, com codinome OTAN “Fulcrum-A”;
  • MiG-29UB: variante de treinamento com dois assentos;
  • MiG-29S: codinome OTAN “Fulcrum-C”, essa variante possui diversas melhorias em relação ao projeto original. Sistema de comandos aprimorado, quatro novos computadores para melhor a estabilidade e controlabilidade. Mecanismos dos comandos de voos melhorados para permitir maiores deflexões de comando. Aumento do peso máximo de decolagem para 20.000 kg;
  •  MiG-29M / MiG-33: caça avançado multifunção com fly-by-wire, estrutura remodelada e motores mais potentes;
  • MiG-29M2: variante com dois assentos baseada no MiG-29M, e atualmente é a plataforma de desenvolvimento para o novo MiG-35;
  • MiG-29K: modelo para utilização em porta-aviões;
  • MiG-35: aprimoramento mais recente contendo motores mais potentes e com menor consumo, aviônica aprimorada, glass cockpit; radar mais avançado e capacidade de combustível significativamente aprimorada, além de possuir probes para reabastecimento em voo;

Assim encerramos mais um artigo sobre essas incríveis aeronaves militares. Conta pra gente o que achou desse artigo. Aproveite também para deixar qualquer comentário ou sugestão. Tem uma dúvida? Não se preocupe, estamos aqui para resolver os seus problemas!

Russian Knights and Swifts

Deixem seus radares ligados porque ainda tem muito conteúdo. Alguma aeronave não entrou nessa lista ainda? Avisa pra gente sobre quais aeronaves militares vocês querem conhecer mais.

Boa leitura, bons estudos, e até a próxima!

Sergio Duarte
Co-Fundador do Portal Engenharia Aeronáutica

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