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Seguimos aqui com o terceiro post da nossa série. Se não leu a parte 1 ou a parte 2, corre lá! Nesse artigo iremos comentar alguns dos maiores bombardeiros já projetados. Não pela capacidade de destruição, longe disso. Mas pelas incríveis tecnologias incorporadas nos projetos únicos de cada uma dessas maravilhosas aeronaves militares!
Quer assistir ao vídeo com o resumo do post?
Se preferir ler, só continuar rolando a página! Boa leitura e bons estudos!
Qual o resultado se uníssemos tecnologias marcantes de um F-14 com motores potentes? Bom, o pessoal da Rockwell (hoje parte da Boeing) projetou o B-1 Lancer. Um bombardeiro de longo alcance, com asas de geometria variável e capaz de atingir velocidades supersônicas. Nada mal né?
O B-1 recebeu o nome oficial de Lancer no dia 15 de Março de 1990. Entretanto, é comumente chamado de Bone (osso em inglês). Esse apelido apareceu em artigos antigos citando a aeronave onde a mesma era foneticamente chamada de B-ONE, com o hífen omitido inadvertidamente.
O primeiro protótipo voou em Dezembro de 1974, sob o número de série 74-0158. O primeiro B-1B foi entregue à base Dyess da Força Aérea Americana em junho de 1985. E o último B-1B foi entregue no dia 2 de Maio de 1988.
Essa aeronave militar possui um RCS (radar cross section – seção transversal de radar) equivalente a 1% do RCS do B-52. Além disso, é capaz de voar à velocidades supersônicas à cerca de 200 pés. Entretanto, isso tem um custo: a variante B-1B voa mais lenta que a B-1A devido à variações das entradas de ar dos motores.
É a aeronave militar americana capaz de carregar a maior variedade de carga bélica da USAF. Juntamente a isso, a manobrabilidade do B-1 está mais próxima de um caça do que um bombardeiro. Juntamente à toda essa capacidade, o bombardeiro ainda detém quase 50 recordes de velocidade, carga paga, alcance e velocidade de subida.
De acordo com os registros, dez aeronaves militares B-1 Lancer se acidentaram entre 1984 e 2001. Juntamente com isso, 17 vidas de tripulantes foram perdidas.
O Lancer teve três variantes:
Em meados da década de 70, devido à Guerra Fria, surgiu a necessidade de uma aeronave militar capaz de substituir o B-52. A aeronave descrita acima, o B-1 Lancer, estava na disputa, juntamente com outra que falaremos a seguir, o Valkyria XB-70. E durante esse período os engenheiros aeronáuticos militares aprenderam bastante sobre minimizar a seção transversal de radar (RCS).
A fabricante Northrop já tinha experiência com as asas voadoras YB-35 e YB-49. Entretanto, nenhum YB-49 entrou em produção, e somente dois protótipos foram construídos.
O plano original era a construção de 132 aeronaves. Porém, com o colapso da União Soviética, a necessidade de bombardeiros dessa magnitude foi amplamente reduzida a ponto do Presidente George H. W. Bush limitar a produção em somente 20 aeronaves em 1992.
Enfim, nada mais junto, considerando que os contribuintes americanos que estariam bancando a produção, ao custo de 2 bilhões de dólares por aeronave.
Apesar das aeronaves XB-70 e B-1A voarem acima e além de qualquer caça interceptador da época, o desenvolvimento da tecnologia stealth se provou superior. Dessa forma, o programa do B-2 foi lançado com o objetivo de ser um real bombardeiro stealth.
Essa aqui é para os engenheiros de sistemas de plantão: por conta da instabilidade inerente ao projeto, o B-2 possui um sistema de controle fly-by-wire quádruplo.
Os bombardeiros B-2 Spirit utilizam superfícies de controle conhecidas como split brake-rudders (freios-leme em uma tradução livre), e empuxo diferencial para manobrar. Dessa forma, a seção transversal de radar permanece baixa mesmo durante as manobras.
E por falar em baixa seção transversal de radar, um valor um tanto curioso. Toda a tecnologia aplicada aos bombardeiros B-2 permitiu que ele tivesse um RCS de apenas 1,1 pés quadrados. Em suma, isso é o mesmo RCS de um pombo!
Nem só de tecnologias avançadas o B-2 existe. Pequenas amenidades permitiam a tripulação voar por longas missões. O B-2 Spirit possui cama, toalete e uma espécie de cozinha. Entretanto, existem relatos dos pilotos mais novos reclamando que não é possível assistir ao Netflix à bordo.
Dois incidentes ocorreram na história dos B-2. Entretanto, nenhum deles em combate. O primeiro deles, caiu durante a decolagem em 2008. O outro, um incêndio na base onde estava hangarado, em 2010. O primeiro, foi totalmente sucateado. O segundo voltou para a ativa após 18 meses de reparos extensivos.
Não houveram variantes da aeronave. Devido aos já altos custos do programa, somente modernizações estão sendo projetadas.
Primeiramente a palavra “icônica” é devidamente adequada para descrever essa máquina. Aeronaves militares como essa são chamativas por basicamente todos os aspectos: técnicos, visuais e operacionais.
O Valkyrie foi projetado para ser um bombardeiro supersônico (Mach 3) de alta altitude (70 mil pés), em meados da década de 1950. Possui seis motores, asa em formato delta, e canards. Construído primariamente em aço inoxidável, painéis de honeycomb e titânio. Em síntese o Valkyrie era o estado da arte de sua era.
Eventualmente, o programa foi cancelado em 1961. O desenvolvimento do programa se trasformou em um estudo dos efeitos de voos de alta velocidade e longa duração. Para tal, dois protótipos designados XB-70A foram construídos. Dessa maneira, foram feitos voos de teste supersônicos em 1964 até 1969.
O XB-70 teve seu voo inaugural em 21 de Setembro de 1964. Posteriormente em 14 de Outubro de 1965 o Valkyrie atingiu Mach 3,02 numa altitude de 70 mil pés. Essa primeira aeronave teve alguns problemas com os painéis de honeycomb devido à inexperiência da fabricação e controle de qualidade desse novo material.
Um barco navega pelas ondas que ele gera. Do mesmo modo o XB-70 usa sustentação por compressibilidade. Em velocidade de cruzeiro de Mach 3, as ondas de choque são presas ao bordo de ataque da asa, prevenindo que a alta pressão atrás do choque “vaze” por cima da asa. Cerca de 5% da sustentação gerada é por compressibilidade.
Uma tecnologia única em aeronaves militares desse tamanho, as pontas da asa podiam ser pivotadas em até 65 graus. Dessa forma a aeronave aumentava a sustentação por compressibilidade e melhorava a estabilidade direcional em voos supersônicos.
O maior motivo desses bombardeiros não entrarem em operação foram outros desenvolvimentos tecnológicos da época. Em suma, o desenvolvimento de ICBM’s (mísseis balísticos intercontinentais) faziam o trabalho sujo dos bombardeiros de longo alcance. Mísseis semelhantes aos ICBM’s tinham se tornado efetivos contra esse tipo de bombardeiro.
Definitivamente essa aeronave militar esteve em um dos acidentes mais marcantes na história da aviação. Durante um voo de formação, uma das aeronaves paquera, um F-104, entrou na esteira de turbulência da asa (monstruosamente grande) e se chocou contra a cauda do Valkyria. A ilustração do artista A. Nainas mostra o momento do acidente:
Ilustração de A. Nainas
Essa aeronave militar possui características únicas de diversas outras concentradas em um único projeto. Sob a codinome russo de White Swan (Cisne Branco) ou o codinome NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) Blackjack. Aeronave supersônica, de geometria de asas variável e bombardeiro estratégico pesado projetado pelo Tupolev Design Bureau.
Três fatores importantes foram decisivos para o desenvolvimento do programa Blackjack. A saída de Nikita Khrushchev da vida política, o programa americano para desenvolvimento de bombardeiros estratégicos que deu origem ao Rockwell B-1, e o projeto do XB-70 Valkyria.
Os bombardeiros Blackjack entraram em operação em 1987. Foi a última aeronave militar projetada pela União Soviética. A força aérea russa possui ao menos 16 dessas aeronaves ainda em serviço. Desde o início dos anos 2000, a frota de bombardeiros Tu-160 vem sofrendo modificações de modernização eletrônica.
É o maior e mais pesado avião supersônico (Mach 2+) já construído, e segundo em comprimento comparável somente ao XB-70 Valkyrie. Além disso, é o maior e mais pesado avião de combate, o bombardeiro mais rápido atualmente, e igualmente o maior avião com asas de geometria variável.
Movido por quatro motores turbofan Kuznetsov NK-32 com pós-queimadores. Esses são considerados os motores mais potentes da história a serem instalados em um avião de combate. Diferentemente do B-1, o Tu-160 manteve as entradas de ar variáveis, permitindo atingir Mach 2+. Além disso, a capacidade de combustível também impressiona: são 130 toneladas. Dessa forma o Blackjack pode voar até 15 horas ininterruptas. Ainda assim a aeronave possui um sistema de reabastecimento aéreo.
Apesar de ser um projeto do final da década de 1980, somente em 2015 o Tu-160 teve seu batismo de fogo, na Síria.
As principais versões do Blackjack são:
Assim encerramos mais um artigo sobre essas incríveis aeronaves militares. Conta pra gente o que achou desse artigo. Aproveite também para deixar qualquer comentário ou sugestão. Tem uma dúvida? Não se preocupe, estamos aqui para resolver os seus problemas!
Deixem seus radares ligados porque ainda tem muito conteúdo. Alguma aeronave não entrou nessa lista ainda? Avisa pra gente sobre quais vocês querem conhecer mais.
Boa leitura, bons estudos, e até a próxima!
Sergio Duarte
Co-Fundador do Portal Engenharia Aeronáutica
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