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CEA-311 Anequim: A Jornada do Avião Brasileiro que Desafiou os Limites da Velocidade

Escrito por  Sergio Duarte
em 21 de novembro de 2023

CEA-311 Anequim: A Jornada do Avião Brasileiro que Desafiou os Limites da Velocidade

No cenário da engenharia aeronáutica brasileira, o CEA-311 Anequim emergiu como um ícone de inovação e velocidade. Desenvolvido integralmente no Centro de Estudos Aeronáuticos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), este monomotor a pistão conquistou não apenas os céus, mas também cinco recordes mundiais de velocidade em 2015, redefinindo os padrões internacionais.

O avião recordista de velocidade Anequim, visto em voo. (Foto: Márcio Jumpei)

O avião recordista de velocidade Anequim, visto em voo. (Foto: Márcio Jumpei)

Tradição Aeronáutica da UFMG

A história do CEA-311 remonta à década de 60, quando a UFMG, sob a liderança do Professor Cláudio Barros, estabeleceu o Centro de Estudos Aeronáuticos. Este ambiente proporcionou aos alunos de engenharia mecânica uma experiência prática na construção de componentes para a indústria aeronáutica. O CEA-308, precursor do Anequim, já havia conquistado recordes anteriormente, motivando uma nova equipe a embarcar no desafio do CEA-311.

Esboço original do Anequim. (Foto: Paulo Iscold)

Esboço original do Anequim. (Foto: Paulo Iscold)

O Nome Anequim e o Design Inovador

Batizado em homenagem ao ágil tubarão Mako, conhecido como Anequim no Brasil, o avião foi projetado para maximizar a eficiência aerodinâmica. Diferenciando-se de abordagens convencionais, a equipe optou por otimizar a fuselagem para reduzir o arrasto, alcançando assim velocidades excepcionais. Inspirado na forma ágil e aerodinâmica do tubarão Mako, a silhueta do avião reflete a busca pela excelência em velocidade. O nome Anequim não apenas captura a essência do avião, mas também representa a fusão da tradição aeronáutica com a inovação de ponta.

Os Recordes Mundiais de Velocidade

O CEA-311 quebrou cinco recordes mundiais de velocidade, solidificando seu lugar na história da aviação. Desde a velocidade máxima em 3 km em linha reta, atingindo 521 km/h, até o tempo de subida para 3.000 metros em apenas 2 minutos e 26 segundos, cada conquista é um testemunho da engenhosidade por trás do projeto:

  • velocidade em 3km linha reta: obtido através da média de velocidade de quatro passagens de 3km, duas em cada sentido, para contabilizar as contribuições do vento, e com restrição de altitude. A velocidade média final foi de 521 km/h, sendo que uma das passagens foi feita a impressionantes 532 km/h. A marca anterior era de 466 km/h.
  • velocidade em 15km linha reta: obtido através da média de velocidade de duas passagens de 15km, uma em cada sentido, para contabilizar as contribuições do vento. A velocidade média final foi de 511 km/h, contra uma marca anterior de 454 km/h.
  • recorde de velocidade em circuito fechado de 100km: obtido através da média de velocidade de um circuito fechado pré-declarado de 100km, com restrições na variação de altitude e na largura dos portões de entrada e saída. A velocidade média final obtida foi de 490 km/h, 100 km/h mais veloz que a marca existente. Essa diferença das velocidades entre os recordes em linha reta e os recordes em circuito fechado se deve principalmente ao tempo na curva. No recorde em linha reta esse tempo obviamente não é contabilizado. Já em um percurso fechado, ele é levado em consideração. Isso leva à necessidade de um planejamento preliminar do percurso, pois se a curva for muito fechada, drena-se energia do avião. Se for muito aberta, perde-se muito tempo.
  • velocidade em circuito fechado de 500km: obtido através da média de velocidade de um circuito fechado pré-declarado de 500km, com restrições na variação de altitude na largura dos portões de entrada e saída. Assim como no recorde de 100km, o tempo da curva é contabilizado, e a velocidade média final obtida foi de 493 km/h, superando e muito a marca anterior de 387 km/h.
  • tempo de subida até 3.000m: neste recorde, é contabilizado o tempo gasto pelo avião para sair da posição de repouso até chegar aos 3.000m (aproximadamente 10.000 pés). O cronômetro é disparado quando o GPS capta o menor movimento das rodas no início da corrida de decolagem, e é parado ao se cruzar a bareira dos 3.000m. O tempo final obtido foi de 2min e 26 segundos, uma melhora considerável em relação à marca anterior, de 3 min e 8 segundos.

Tradição e Inovação na Construção

A construção do Anequim ocorreu nas instalações da UFMG, envolvendo alunos em atividades acadêmicas. Utilizando máquinas de comando numérico e técnicas inovadoras de laminação de fibra de carbono, o avião foi estrategicamente construído ao redor do piloto Gúnar Armin, figura central na concepção e realização do projeto.

Paulo Iscold e Gúnar Armin junto ao Anequim.

Paulo Iscold e Gúnar Armin junto ao Anequim.

Desafios e Colaborações

O Professor Paulo Iscold, sucessor do Prof. Cláudio, assumiu a liderança do CEA, incentivando Gúnar a enfrentar o desafio do CEA-311. Com um motor Lycoming AEIO-360 modificado pela Sky Dynamics Corporation e hélices desenvolvidas pela Catto Propellers, o Anequim contou com colaborações essenciais para alcançar o desempenho extraordinário.

O Legado e os Desafios Superados

A jornada do CEA-311 Anequim não apenas estabeleceu novos padrões de velocidade, mas também destacou a capacidade da engenharia aeronáutica brasileira de superar desafios. Desde a tradição do CEA até a determinação de Gúnar Armin, o legado do Anequim é uma celebração do potencial brasileiro na vanguarda da aviação. O CEA-311 Anequim é mais do que um avião; é um símbolo da engenharia aeronáutica nacional, da inovação e da busca incessante pela excelência. Ao quebrar recordes mundiais, esta criação da UFMG voa não apenas nos céus, mas também na imaginação de todos que sonham em desafiar os limites da velocidade e da tecnologia aeronáutica brasileira.

O Anequim conquistou cinco recordes mundiais. (Foto: Márcio Jumpei)

O Anequim conquistou cinco recordes mundiais. (Foto: Márcio Jumpei)

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