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Aeronaves e satélites estão associados ao que de mais extraordinário a atividade humana tem criado. Entender os desafios da formação dos engenheiros aeronáuticos é parcela fundamental no desenvolvimento da carreira. Vou apresentar aqui um breve ponto de vista, sobre o que vocês, alunos, devem entender para atingir os objetivos profissionais!
As aeronaves revolucionaram a indústria do transporte em todos os níveis e setores. Para exemplificar a sua enorme importância na área militar basta lembrar que a velocidade de deslocamento de tropas e apoio logístico dos conflitos desde os primórdios da história até o início da Primeira Guerra Mundial se manteve inalterada: era a velocidade da cavalaria. Ao final desse conflito aeronaves já desempenhavam tarefas de observação, transporte de tropas e armamentos com velocidades de centenas de quilômetros por hora. Hoje dispomos de satélites de observação global em tempo real. Além de aeronaves supersônicas com alcance e autonomia que permitem ataques em qualquer ponto do globo.
Essa capacidade de transporte militar foi trazida para as atividades civis gerando uma atividade econômica extraordinária com a criação da indústria do transporte aéreo comercial. Tudo isso num período de pouco mais de um século. Os dados comparativos do 14-bis, primeira aeronave a realizar um voo público, e o gigante Airbus 380 deixam claro a rapidez desse desenvolvimento da engenharia aeronáutica.
No primeiro voo o 14-bis percorreu uma distância de 60m. No voo mais longo 220m. Altura dos voos foi de aproximadamente 3m. (Do mesmo modo, em seu primeiro voo o 14bis percorreu uma distancia menor do que a envergadura do Airbus 380). O Airbus 380 tem um alcance de 15.400km e voa em cruzeiro à uma altitude de aproximadamente 11000m. Enquanto o 14-bis em seu desenvolvimento contou apenas com recursos pessoais de Santos Dumont, estima-se que o projeto do Airbus 380 exigiu recursos despendidos por vários países europeus, da ordem de 15 bilhões de dólares.
Esses exemplos são inquestionáveis para se avaliar a importância econômica, militar, geopolítica e social da indústria aeronáutica e de sua irmã mais nova, a indústria aeroespacial. E são inúmeros os desafios envolvidos nesse processo.
Assim a ideia desse artigo é discutir como deve ser formado o profissional de engenharia que atuará na indústria aeroespacial de modo a que ele esteja apto a lidar com problemas e demandas de um setor em contínua e rápida expansão de conhecimentos e novas tecnologias. Para tanto, é abordado como esse desafio vem sendo estudado a nível institucional e que soluções tem sido propostas. É mostrado o que já se tem como consensual a nível mundial nessas propostas, como elas vem sendo implementadas e como influenciarão o Engenheiro Aeronáutico do Século XXI.
Tendo concluído minha graduação em Engenharia Aeronáutica no final da década de 1970, venho atuando nessa área e, em particular, como professor de Manutenção, Fabricação e Sistemas de Aeronaves, desde 1981.
O período da minha graduação coincidiu com a introdução da computação eletrônica moderna tanto no nível de ciência da programação como de ferramentas de cálculo. Pude assistir à rápida substituição das famosas Réguas de Cálculo (ainda guardo uma como lembrança) pelas máquinas eletrônicas de calcular, os computadores de primeira geração até chegarmos aos modernos recursos atuais de poderosos computadores pessoais e supercomputadores.
Junto vieram plataformas e ferramentas de projeto em praticamente todas as áreas de engenharia. Teorias e modelagens clássicas foram revisitadas. Agora com recursos computacionais tornando de uso corrente ferramentas como Elementos Finitos Aplicados à Resistência dos Materiais e Mecânica dos Fluidos Computacional. Vale notar que os mais importantes avanços se deram exatamente na Engenharia Aeroespacial.
Essa rápida mudança de foco gerou, a meu ver, um gap entre uma geração de engenheiros do que chamo eras AC e DC (antes e depois da computação), tendo se acentuado muito na entrada dos anos 2000.
Em 2006, ao publicar junto com colegas da UFMG um artigo em que descrevemos a experiência no ensino de engenharia aeronáutica em nossa universidade, recebi contatos citando a atuação da CDIO (Conceive–Design–Implement–Operate), e desde então venho acompanhando os avanços desse tema em diversas universidades. Essa organização de caráter acadêmico surgiu de uma necessidade de rever a formação de engenheiros. Isso se faz de modo a que atendam de maneira mais eficaz as demandas da indústria.
O CDIO é baseado em uma premissa de que os graduados em engenharia devem ser capazes de: Conceber–Projetar–Implementar–Operar sistemas complexos de engenharia de alto valor agregado baseado em trabalho de equipe para criar sistemas e produtos.
Duas questões centrais foram então propostas para atender essa exigência da educação em engenharia:
Para oferecer uma resposta à primeira questão discutiram-se quais seriam os atributos desejados de um graduado em engenharia. Uma relação dos atributos considerados essenciais é mostrada a seguir.
Uma vez definidos esses atributos foi possível oferecer uma resposta à segunda questão. Um exame do que acontece atualmente na maioria das instituições com bacharelado em engenharia deixa clara a necessidade de uma profunda mudança. Isso exige o que se pode chamar de uma transformação da cultura vigente.
Fica claro que os desafios da formação de Engenheiros Aeronáuticos são enormes. Mas cada desafio é uma oportunidade. O Portal Engenharia Aeronáutica está aqui para acompanhá-los nessa jornada. Além de fornecer as ferramentas necessárias às superações desses desafios.
Rogério Pinto Ribeiro
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